Estudo global indica que confusão, desconfiança e receio de aprisionamento digital dificultam avanço da SAP com seu ERP em nuvem Fale Conosco
Quase dez anos após o lançamento do S/4 Hana, a mais recente versão do ERP da SAP ainda enfrenta resistência entre os próprios clientes. Uma pesquisa recente com 455 executivos de tecnologia revela um cenário preocupante: 84% dos entrevistados afirmam estar confusos quanto à proposta da SAP para a migração, enquanto 31% consideram difícil projetar um retorno sobre o investimento na mudança.
O Brasil aparece como o segundo país com mais participantes no estudo, atrás apenas dos Estados Unidos. Entre os principais entraves apontados está a percepção de que a migração beneficia mais a fornecedora do que os clientes. A confiança no modelo de assinatura e na dependência com o fornecedor ainda é limitada, especialmente quando aplicada a um sistema tão crítico quanto o ERP.
SaaS: promessas genéricas, preocupações específicas
Embora os modelos SaaS já sejam amplamente utilizados, o ambiente de ERP apresenta particularidades que geram dúvidas entre os líderes de TI. Entre as vantagens citadas estão a redução da necessidade de gestão de TI (80%) e melhoria contínua do produto sem upgrades tradicionais (70%), benefícios comuns a qualquer solução em nuvem.
Por outro lado, as preocupações são muito mais específicas:
- 90% temem aumentos imprevisíveis de custo a longo prazo
- 80% estão apreensivos com a possibilidade de aprisionamento tecnológico
Essa combinação de insegurança e falta de clareza gera hesitação, mesmo em empresas que reconhecem a importância da modernização da TI.
ERP não é só da SAP: multivendor é tendência
O estudo também aponta para uma mudança no perfil dos ambientes de ERP. 78% dos executivos acreditam que a inovação virá de múltiplos fornecedores, não apenas da SAP. Apenas 11% confiam exclusivamente na multinacional alemã para conduzir a evolução tecnológica, evidenciando um movimento claro em direção a arquiteturas multicloud e soluções best-of-breed.
Entre os que ainda utilizam a versão ECC do ERP, 29% esperam que a inovação venha exclusivamente de outros fornecedores. Isso reflete a abertura crescente do mercado para integrações com plataformas de analytics, automação, inteligência artificial e soluções complementares ao ERP central.
Tempo é o maior desafio: ECC seguirá até 2030?
Apesar da prorrogação do suporte até 2030, 23% dos entrevistados afirmaram que pretendem continuar com o ECC on-premises, mesmo após o fim do roadmap oficial. O cenário é desafiador: o suporte padrão acaba em 2027, seguido de três anos de “extended support” com custos adicionais e sem atualizações do produto.
Essa postura conservadora pode ser explicada pela falta de clareza da própria SAP. Embora tenha surgido, no início do ano, a proposta de uma edição privada de transição para clientes que desejam manter o ECC, o plano ainda não foi formalmente lançado. A ausência de informações concretas apenas amplia o clima de incerteza.
Regulação europeia adiciona pressão
Paralelamente à discussão técnica, a SAP se vê no centro de uma investigação antitruste por parte da União Europeia, acusada de restringir a concorrência e impor condições contratuais desfavoráveis em serviços de suporte e manutenção. A ação regulatória adiciona mais um elemento de instabilidade, justamente em um momento crítico para a transformação digital em grandes organizações.
A migração acontecerá. A dúvida é: quando e como?
Apesar das dúvidas atuais, 51% dos executivos dizem que estarão rodando S/4 na nuvem dentro de cinco anos. A previsão alinha-se à estratégia da SAP de consolidar seu modelo cloud-first, mas a jornada até lá exigirá um esforço maior de comunicação, transparência e adaptação ao cenário real dos clientes.
Sem uma proposta de valor clara, as empresas continuarão adiando o passo decisivo para o S/4, ou buscando alternativas fora do ecossistema tradicional.
fonte: Baguete
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