Brasil avança na computação em nuvem, mas falha em proteger seus dados. A baixa maturidade em segurança pode colocar em risco toda a jornada de inovação. Fale Conosco
Na corrida pela transformação digital, o Brasil alcançou marcos expressivos na adoção da computação em nuvem. Empresas migraram sistemas, automatizaram processos e armazenam dados em volumes inéditos. No entanto, esse avanço técnico caminha lado a lado com um gargalo alarmante: a falta de maturidade em segurança. Apenas 8% das organizações brasileiras estão realmente preparadas para proteger seus ambientes cloud, segundo o índice global da Cisco. Um número que revela mais que um problema técnico: escancara uma crise de cultura, governança e visão estratégica.
“A nuvem deveria ser sinônimo de agilidade e confiabilidade, mas se tornou o ponto mais vulnerável da estrutura corporativa.” Essa constatação define o cenário atual, onde segurança digital é tratada como apêndice, não como parte integrante da arquitetura tecnológica. No curto prazo, essa negligência pode passar despercebida. No longo prazo, compromete a continuidade dos negócios.
Maduro não é quem instala, mas quem entende e responde
A maturidade em segurança de nuvem não está ligada a ter as ferramentas mais modernas, mas a saber usá-las com propósito. Trata-se de desenvolver um ecossistema que identifica, protege, detecta, responde e se recupera. Segurança é um processo, não um produto. E começa com a governança.
Empresas maduras definem políticas claras, integram áreas técnicas e de negócio, e conhecem profundamente o ciclo de vida de seus dados. A seguir, enfrentam o ponto mais vulnerável da cadeia: o controle de identidades e acessos. Mais da metade das organizações ainda opera com credenciais frágeis e permissões excessivas, criando brechas silenciosas para invasões.
Com a multiplicidade de provedores e usuários, humanos e máquinas, o gerenciamento de identidade deixa de ser uma questão operacional. Torna-se um dos pilares da segurança estratégica.
Visibilidade: a arte de enxergar antes que seja tarde
Ambientes híbridos e multicloud espalham aplicações em diversas camadas e plataformas. Sem visibilidade integrada, não há como antecipar ou reagir. Empresas que amadurecem investem em observabilidade, combinando logs, telemetria e correlação de eventos para transformar segurança em inteligência operacional. Isso reduz o tempo de resposta e antecipa ameaças com precisão.
O terceiro pilar é a proteção de dados. Criptografia forte, segmentação de redes e políticas de backup não são mais opcionais. Elas sustentam a resiliência frente a ataques e ajudam a classificar informações por criticidade. Essa abordagem vai além da LGPD. É sobre construir estruturas sólidas para resistir a incidentes, mesmo os inevitáveis.
E quando o pior acontece, entra em ação o último estágio da maturidade: a resposta a incidentes. Aqui, sorte não é estratégia. Empresas maduras treinam equipes, simulam ataques e documentam lições aprendidas. Cada falha vira base para melhoria contínua.
Multicloud: agilidade sim, mas com riscos multiplicados
A maioria das empresas brasileiras opera em ambientes híbridos, sendo que 63% usam múltiplos provedores. Essa diversidade, embora poderosa, dificulta a aplicação de políticas coerentes e integradas. A consequência é a fragmentação da segurança: logs que não se conversam, alertas dispersos e um cenário de exaustão operacional.
Mesmo superando a média global de maturidade (apenas 4% das empresas no mundo atingiram esse estágio), o Brasil ainda está longe de uma estrutura robusta. Comparado a economias como EUA e Europa, a diferença está menos no risco e mais na resposta.
Cultura e orçamento: as travas invisíveis
O entrave mais profundo está longe dos firewalls. É cultural. A segurança da informação ainda disputa (e frequentemente perde), espaço no orçamento frente a marketing, operações e inovação. Segundo o relatório da Cisco, menos da metade das empresas brasileiras investe mais de 10% do orçamento de TI em segurança.
Com recursos escassos, equipes sobrecarregadas e soluções subutilizadas, cria-se uma ilusão perigosa: a falsa sensação de proteção. Muitas organizações adotam ferramentas de ponta, mas não possuem capacidade para operá-las adequadamente.
No fim, o índice da Cisco é mais do que um termômetro técnico. É um espelho da mentalidade empresarial brasileira. Mostra um país que abraçou a nuvem, mas ainda não compreendeu que “não existe inovação sem proteção.”
Segurança não é um destino. É uma jornada contínua
Para que a transformação digital seja sustentável, é preciso adotar segurança como eixo central da operação. O futuro pertence às empresas que tratarem cibersegurança com a mesma seriedade que dedicam à inovação. Alinhar governança, identidade e cultura organizacional será o diferencial competitivo da nova economia.
Enquanto isso não acontece, seguimos conectando soluções avançadas sobre um solo instável. E cada avanço na nuvem sem maturidade é como construir arranha-céus sobre areia movediça.
fonte: TI Inside
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