De gêmeos digitais agrícolas a redes de energia inteligentes, tecnologias de dados e inteligência artificial estão moldando o futuro da sustentabilidade global Fale Conosco
A convergência entre inteligência artificial (IA) e Big Data está redefinindo os alicerces da inovação sustentável. Em setores como agricultura, energia e logística, essas tecnologias estão tornando processos mais eficientes, previsíveis e transparentes, abrindo espaço para uma nova economia orientada por dados e impacto ambiental positivo.
Na agricultura, os gêmeos digitais surgem como uma ferramenta revolucionária. Essas réplicas virtuais de áreas agrícolas integram dados de sensores, drones e estações meteorológicas para simular o crescimento das culturas e prever impactos ambientais em tempo real. Com isso, produtores podem testar estratégias de irrigação, fertilização e controle de pragas virtualmente, antes de aplicá-las no campo.
Instituições como a Texas A&M AgriLife Research e empresas como a LandScan, que recentemente obteve patente para otimização da produção de amêndoas, estão na vanguarda desse movimento. Pesquisas da California State University, Bakersfield, e da Roger Williams University estimam que 40% das grandes fazendas utilizarão gêmeos digitais até o fim de 2025.
Essa integração entre IA e análise de dados em nível de campo permite prever colheitas com seis a oito semanas de antecedência, otimizando recursos e aumentando a produtividade, ao mesmo tempo em que fortalece o compromisso com metas de sustentabilidade.
Energia e sustentabilidade em rede
No setor energético, análises preditivas baseadas em IA estão transformando a forma como as empresas gerenciam redes e distribuem eletricidade. Soluções como o Kognitwin Grid e o Sistema de Gestão de Recursos Energéticos Distribuídos da Schneider Electric usam modelos de aprendizado de máquina para prever consumo, detectar falhas e equilibrar oferta e demanda, prevenindo apagões e aumentando a resiliência em eventos climáticos extremos.
O Open Power AI Consortium, liderado pelo Electric Power Research Institute em parceria com a Microsoft, reúne mais de 30 companhias para criar ferramentas padronizadas de IA aplicadas à energia, uma iniciativa que promete acelerar a transição para redes inteligentes e infraestruturas energéticas mais sustentáveis e confiáveis.
“As tecnologias que realmente terão escala são aquelas que geram impacto em três dimensões: planeta, pessoas e prosperidade”, afirma Sol Salinas, vice-presidente executivo de sustentabilidade da Capgemini Américas. “A sustentabilidade não é mais um centro de custo, é um motor de crescimento.”
Blockchain e transparência ambiental
A tecnologia blockchain também ganha espaço como pilar da inovação sustentável, oferecendo rastreabilidade e verificabilidade em tempo real de produtos e processos. Cadeias de suprimento podem agora registrar dados imutáveis sobre origem, certificações e impacto ambiental, combatendo fraudes e fortalecendo a confiança do consumidor.
Modelos como o da Powerledger, que permite comércio local de energia solar entre consumidores, e os sistemas de crédito de carbono baseados em blockchain estão tornando a economia de baixo carbono mais acessível, auditável e escalável. A evolução dos mecanismos de consenso, como o proof-of-stake, reduz o consumo energético dessas redes, abrindo caminho para sua adoção em larga escala.
Dados como infraestrutura do futuro
Para Nic Gorini, sócio-gerente da Spin Ventures, os dados são o novo alicerce da inovação regenerativa. “Dados são a infraestrutura que impulsiona a vantagem dos sistemas regenerativos. Eles desbloqueiam eficiências de recursos, aumentam a rentabilidade e criam valor em cadeias circulares”, explica.
Regulamentações como o Passaporte Digital de Produtos da União Europeia devem acelerar ainda mais essa adoção, tornando mensurável o impacto ambiental de cada processo. “Você não gerencia o que não consegue medir, e os dados tornam mensuráveis os sistemas regenerativos. É nesse momento que o capital aparece”, acrescenta Gorini.
A próxima fase, segundo ele, pertence às startups e empresas que conseguirem simplificar a complexidade, traduzindo a enorme massa de dados ambientais e operacionais em inteligência acionável, capaz de guiar decisões de investimento, produção e consumo.
“IA e dados em tempo real transformam a volatilidade biológica em previsão comercial”, afirma. “Seja prevendo a saúde do solo, ajustando inventários conforme o carbono emitido ou modelando estratégias resilientes ao clima, essas ferramentas aumentam a agilidade e liberam margem.”
fonte: Forbes Brasil
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